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Blog do Henrique Szklo

Endorfina, meu amor: uma ode ao hormônio do bem-estar

Henrique Szklo

04/09/2018 04h00

Crédito: iStock

Minha profunda e torpe depressão,
Precisa ser aniquilada,
Mas com remédio não quero não,
Uma droga não vale é nada,
Vou atrás é de uma paixão,
Alguém estimulante, liberada,
Quero acelerar meu coração,
Oh, Endorfina, minha amada!

Pra te ter dentro de mim eu corro,
Feito uma besta quadrada,
Mas sem você eu quase morro,
Oh, Endorfina, minha amada!

Se fico triste, amargurado,
Vou logo fazer um tour,
Ando muito, fico todo suado,
Oh, Endorfina, mon amour!

Sem você sou capaz de me matar,
A vida sem você não faz sentido,
Você é água, fogo, terra e ar,
A sua ausência me deixa deprimido,
Sua energia me comove,
Então, venha logo, Endorfina, my love!

Quero senti-la em todo meu corpo,
Quero ser inundado por você,
Quero ficar de pé, no topo,
Feito um cabelo cheio de laquê,
Sem você não sou nada, não me deixa,
Seja bem-vinda, Endorfina, minha gueixa!

Tu és a minha vida,
Tu és o meu vício,
Mesmo eu detestando a corrida,
Mesmo eu abominando o exercício,
Mesmo doendo tirar a bunda da cadeira,
Oh, Endorfina, tu és minha paixão verdadeira!

Endorfina, venha logo,
Se encontrar com seu amor,
Em seu prazer eu me afogo,
Fico num certo torpor,
Quero você sem camisinha,
Nossos corpos em ardente fusão,
A escolha não é sua, é minha,
Oh, Endorfina, meu grande tesão!

Eu sou aquele que te adora,
Eu sou aquele que te venera,
Eu sou aquele que te implora,
Eu sou aquele que te espera,
Quero você dentro de mim, toda hora,
Oh, Endorfina, minha quimera!

Oh, Endorfina!
Endorfina, meu amor!
Com você minha tristeza termina,
Com você se extingue o horror,
Mas talvez seja minha sina,
Estar sempre assim, de mau-humor,
Não quero ser um suicida,
Oh, Endorfina, minha vida!

Oh, Endorfina, minha doce amada!
Vou entrar na academia,
Vou dar uma marombada,
Pra te encontrar tudo que é dia,
E poder dizer-lhe sempre assim:
I've got you under my skin.

Mas nem tudo na vida é amor,
Você tem uma concorrente forte,
Eu luto contra ela, com ardor,
Mas ela sempre vence, que sorte,
Se sinto que preciso de outra dose urgente,
Quando seu efeito, Endorfina, acaba,
Apesar de achar você ótima, excelente,
Vence sua rival, a preguiça braba.

Oh, Endorfina, minha vida!
Eu corro pra te encontrar,
Mas você não faz nada, só espera,
Não dava pra fazer alguma coisa, me ajudar?
Não, fica aí, como uma rainha megera,
Mas tudo bem, eu aguento,
Me esforçar feito um jumento,
Só por uns minutos de alegria,
Me sinto um palhaço, um Arrelia,
Você é uma folgada, hein, beleza?
Hein, Endorfina, minha triste princesa?

Não consigo evitar, porém,
De me irritar de vez em quando,
Queria ter um grande harém,
De endorfinas me esperando,
Mas esse seu jeito difícil de ser,
Deixa minha vontade nula, sem eficácia,
Como ter você sem me mexer,
Não dava pra ser vendida na farmácia?

Oh, Endorfina, Endorfina!
Endorfina, meu grande amor!
Desisto de você, sua cretina,
Me dá um Prozac, por favor!

Sobre o autor

Henrique Szklo exerceu durante 18 anos a profissão de publicitário na área de criação, como redator e diretor de criação. Hoje é estudioso da criatividade e do comportamento humano, escritor, professor, designer gráfico, palestrante e palpiteiro digital. Desenvolveu sua própria teoria, a NeuroCriatividade Subversiva, e seu próprio método, o Dezpertamento Criativo. É coordenador do curso de criatividade da Escola Panamericana de Arte e sócio da Escola Nômade para Mentes Criativas. É colaborador também do site ProXXIma, tem 8 livros publicados e é palmeirense.

Sobre o blog

Assuntos do momento observados com bom humor pela ótica da criatividade e do comportamento humano. Sempre com um viés provocador e fugindo do senso comum. E que São Magaiver nos proteja!

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